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Bioeconomia: uma aliança estratégica entre Vida & Recursos

Economia é o conjunto de atividades desenvolvidas pelos homens visando a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência, bem como à qualidade de vida. Enquanto disciplina científica, a Economia tem a sociedade como objeto de estudo, prestando particular atenção à sua componente econômica, desenvolvendo estudos sobre forma pela qual os recursos são combinados para produzir bens capazes de satisfazer as necessidades existentes.

Assim, se pensarmos na Ciência Econômica, estaremos falando de uma ciência social, que estuda o funcionamento da Economia Capitalista, sob o pressuposto do comportamento racional do homem econômico. Ou seja, estamos falando da busca da alocação eficiente dos recursos escassos entre inúmeros fins alternativos. Nesse sentido, a Ciência Econômica visa desenvolver uma série de estudos voltados à eficiência e à equidade.

Contudo, no mundo contemporâneo a sustentabilidade da produção às gerações futuras é imposta como mais um problema econômico básico, exigindo que sejam repensados o crescimento econômico e o próprio sentido coletivo do consumo em permanente expansão, propiciando o verdadeiro bem-estar às sociedade humanas.

A economia fundada nos princípios da mecânica clássica desterrou a vida e a natureza do campo da produção, minando as condições de sustentabilidade ecológica inerente ao desenvolvimento. A extrapolação das externalidades econômicas para o terreno dos conflitos socioambientais está mobilizando a reconstrução do processo de produção em novas bases.

A revolução copernicana deslocou a Terra do centro do universo, derrubando a ordem cósmica e sacudindo as hierarquias sociais que sustentavam as relações feudais de poder. A convulsão dos fundamentos que atualmente sustentam a ordem econômica dominante nos coloca diante do desafio de transformar, a partir de suas bases, o paradigma insustentável da economia.

Por sua vez, a economia ecológica está construindo um novo paradigma teórico, abrindo as fronteiras interdisciplinares com diferentes campos científicos representados pela ecologia, demografia, tecnologia, termodinâmica antropologia (entre outras) com a finalidade de valorizar e incorporar as condições ecológicas do desenvolvimento.

Desta forma, sugere-se reordenar a economia dentro da ecologia, introduzindo um conjunto de critérios, condições e normas ecológicas a serem respeitados pelo sistema econômico. Esse enfoque da economia lança um olhar crítico sobre a degradação ecológica e energética resultante dos processos de produção e consumo, tentando sujeitar o intercâmbio econômico às condições do metabolismo geral da natureza.

Essa é uma das razões para que alguns assuntos - como a energia sustentável, biotecnologia, consumo consciente -, ganhassem reconhecimento nos últimos anos.

Nesse cenário, ganha destaque a Bioeconomia.


O que é Bioeconomia?


Uma das primeiras definições sobre a bioeconomia teve como autoria o biólogo marinho Baranoff - quando, em 1917 -, a definiu como uma atividade econômica baseada no uso de recursos naturais renováveis, cujo crescimento deve estar limitado à sua capacidade de regeneração por processos ecológicos.

A partir de iniciativas sustentáveis baseadas na utilização de recursos biológicos renováveis e nas inovações das cadeias produtivas, foram geradas maiores oportunidades de mercado - conciliando, ao mesmo tempo -, o progresso e o desenvolvimento socioambiental. Nesse tocante, José Vitor Bomtempo conceitua a Bioeconomia como o uso sustentável e inovador dos recursos biológicos renováveis, voltados à produção de energia, alimentos, produtos químicos e materiais diversos.

Em 2009, a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) trouxe a seguinte descrição: “um mundo no qual a biotecnologia representa uma parcela significativa da produção econômica, sendo guiada pelos princípios do desenvolvimento sustentável” (OECD, 2009).

Continuando na seara de conceitos voltados à essa "nova economia" podemos entendê-la como:


“utilização de novos conhecimentos científicos e tecnologias emergentes para o desenvolvimento de processos de base biológica e a transformação de recursos naturais em produtos e serviços sustentáveis” (BIOÖKONOMIERAT, 2015).


"(...) toda a cadeia de valor orientada pelo conhecimento científico avançado e pela busca por inovações tecnológicas na aplicação de recursos biológicos (e renováveis) nos processos industriais, voltadas à geração da atividade econômica circular e ao benefício social e ambiental coletivo" (ABBI, 2019).


Percebemos, então, que a Bioeconomia resulta de uma evolução na inovação aplicada aos recursos biológicos. Portanto, em linhas gerais podemos conceituá-la como uma economia que utiliza novos conhecimentos biológicos com propósitos comerciais e industriais, voltados ao equilíbrio entre Antroposfera, Tecnosfera e Biosfera, estabelecido graças à transformação desses conhecimentos em produtos ambientalmente inócuos e competitivos.

Com muita frequência as pessoas acham que Bioeconomia e Economia Circular são sinônimos - mas, em verdade -, ambas diferem entre si. Por ora, vamos destacar que apesar de possuírem conceitos diferentes, são altamente complementares.



Qual é a finalidade da Bioeconomia?


Essa "nova economia" estuda e propõe um novo modelo de produção focado em sistemas, produtos e serviços sustentáveis (ou seja, menos dependentes da exploração de recursos naturais). Através dos caminhos sustentáveis e do crescimento descentralizado, essa atual forma “do fazer economia” fomenta a construção de uma sociedade mais consciente, capaz de alinhar seu progresso à preservação dos ecossistemas. Para isso, integra recursos naturais, sistemas biológicos e novas tecnologias, tornando possível criar soluções mais efetivas à biosfera, à antroposfera e à tecnosfera.

Aliar biodiversidade com tecnologia e inovação é a base principal da bioeconomia. Com isso, o Brasil tem imenso potencial para se desenvolver de maneira sustentada. Ressalta-se que umas das prioridades para o nosso país se desenvolver plenamente é o aprimoramento da legislação (tanto de normas relacionadas ao uso da biodiversidade, quanto para inovação e propriedade intelectual).

O Brasil é detentor de cerca de 20% da biodiversidade do planeta (a maior do mundo), o que deve ser visto como um ativo econômico com muitas oportunidades de negócios. Ao quantificar o valor econômico dessa biodiversidade, pode-se propor políticas públicas que a conservem e estimulem seu uso sustentável, de modo a inserir esta atividade em um modelo de desenvolvimento que traga benefícios sociais e econômicos.

Diante desse cenário, nosso país conta com vantagens comparativas capazes de proporcionar excelentes oportunidades, revelando-se como fonte importante à obtenção de vários materiais para a produção, tais como: biomassa, corantes, óleos vegetais, gorduras, fitoterápicos, antioxidantes e óleos essenciais. Além disso, contamos com conhecimento acumulado e ICTs (Institutos de Ciência e Tecnologia) - os quais, quando bem coordenados -, são capazes de consolidar o nosso diferencial em Bioeconomia.

Concluímos, portanto, que essa nova perspectiva econômica configura-se como uma aliança estratégica entre Vida e recursos, contribuindo à melhor gestão e restauração dos recursos naturais. De acordo com o Panorama Ambiental da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), se não houver novos esforços para frear a perda de biodiversidade, mais de 10% desses recursos serão perdidos até 2050.

Por fim, vamos citar pontualmente os seguintes benefícios proporcionados pelas ações bioeconômicas:

- combate ao aquecimento global

- agregação de valor para a agricultura

- preservação da flora e da fauna

- otimização do aproveitamento de resíduos

- contribuição para a segurança alimentar

- democratização do acesso à energia

- conciliação entre o progresso e a vida dos seres vivos

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